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NOTA DE PESAR

João Paulo Cunha Foto: divulgação

Sentimos muito com a triste notícia do falecimento, aos 63 anos de idade, do jornalista mineiro João Paulo Cunha, na última sexta-feira, 09/09/22, em Belo Horizonte, após lutar contra um câncer no esôfago.

Muito admirado por todos, João Paulo Cunha era uma imagem e voz de esperança por onde passava.

Apaixonado por filosofia, professor universitário, especialista em saúde pública e escritor, o mineiro de Belo Horizonte deixa um legado de ética e intelectualidade.

Era formado em psicologia, pedagogia, filosofia e comunicação social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Na época da Constituinte de 1988, trabalhou na formulação de propostas para a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS).

Não escondia o orgulho de ter ajudado a construir o SUS, com o propósito de garantir saúde ao povo brasileiro. Foi pesquisador da Escola de Saúde Pública de Minas Gerais. Deu aulas na PUC Minas e do Centro Universitário Newton Paiva nas áreas de psicologia, ética e sociologia.

Durante 14 anos trabalhou no jornal Estado de Minas. Foi subeditor do caderno Gerais, cargo que assumiu em 1996. Posteriormente, assumiu o comando do caderno de Cultura e do suplemento Pensar. Escrevia com extrema clareza sobre temas variados e densos.

Em 2016, participou como palestrante convidado do Seminário IVE Brasil, cujo tema foi “Comunicação Construtiva: Novas Narrativas em Tempos Difíceis”, realizado entre 9 e 11 de setembro no Hotel Fazenda Igarapés, em Igarapé, Região Metropolitana de Belo Horizonte. A mídia no Brasil foi o tema da palestra do jornalista mineiro na ocasião.

* Filosofia e simplicidade *

 João tinha a filosofia como norte da vida, do pensamento e de seu trabalho. Tinha orgulho de se identificar como marxista e comunista, como um lutador pela democracia, pela liberdade de expressão e contra a exclusão social. Tinha a convicção de que é possível fazer do Brasil um país realmente democrático. E batalhava por isso.

Modesto, ele sempre dividia seu imenso saber com leitores, jovens repórteres, colegas jornalistas e alunos. João, como era chamado por todos, era – acima de tudo – uma pessoa simples, que adorava usar camiseta branca da Hering, seu “figurino” tradicional.

De acordo com a colega IVE Paula Márcia de Alcantara Fabiano, que trabalhou com João no Jornal Estado de Minas, quando era coordenadora de produção do Portal Uai: “João era um colega extremamente gentil, simples e que, mesmo estando sempre muito ocupado e absorvido pela responsabilidade do cargo que ocupava e a rotina intensa de uma redação de jornal, ele sempre me ouvia atentamente quando eu o procurava com demandas do Uai. E ele SEMPRE buscava me atender. Ele me fazia me sentir querida, especial. E era assim que fazia com qualquer pessoa que se aproximava dele” destaca. “Também não foi diferente, quando anos depois (em 2016), e nós dois nem mais trabalhávamos no EM, eu o procurei e fiz o convite para palestrar no encontro nacional do IVE em 2016. Ele prontamente me recebeu, ouviu, entendeu a proposta, aceitou e se debruçou com extremo cuidado sobre o que iria expor”, relata Paula com gratidão e saudosismo.

Veja, nesse link, a participação dele no encontro nacional do IVE:

* Amplitude de interesses *

João amava Marx, Mozart, João Gilberto, Zeca Pagodinho, Elomar, Paulinho da Viola, samba, novelas, Chico Buarque. Era aberto ao mundo erudito e à cena pop.

Eclético, acompanhava atentamente o cenário musical. Também ligado aos artistas de Minas, sempre estimulou músicos que lutavam por espaço em BH.

Amava a leitura e possuía imensa coleção de livros de temas variados que “invadiam” mesas e outros espaços da sua casa na cidade de Lagoa Santa, Minas Gerais.

Admirador da luta do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João foi colunista do jornal Brasil De Fato e jamais deixou de dizer — e escrever — o que pensava.

João Paulo Pinto da Cunha nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, em 17 de maio de 1959. Iniciou sua carreira jornalística em 1989 como assessor de imprensa da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, onde trabalhou durante oito anos.

Em 2009, publicou o livro “Elomar – O Cantador do Rio Gavião”, sobre a trajetória do cantor e compositor baiano Elomar, acompanhado de caixa com as partituras do cancioneiro do artista. Também é autor de “Em busca do tempo presente”, lançado em 2011 pela editora Comunicação de Fato, seleção de artigos e ensaios que publicava no caderno Pensar.

Era casado com a administradora Cibele Malafaia. Deixa a filha Joana Cunha, de seu primeiro casamento, com Mariana Tavares, e a neta Antônia.

Adeus, João! Nós agradecemos ao seu inesquecível exemplo!

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